terça-feira, 23 de março de 2010

- olhando além

Não me considero sem sentimento, apesar de algumas pessoas defenderem tese oposta, só sou um cara que prima por objetividade. Esses dias cheguei a uma conclusão: eu não enxergo além.
Se leio algum livro o que prende minha atenção é a narrativa e a forma pela qual o autor consegue desenvolver ideias e reflexões através da escrita. Li "Ensaio sobre a cegueira", por exemplo, e uma das coisas que mais me surepreenderam foi a forma com que Saramago consegue se expressar através das palavras. Na boa, diálogos marcados apenas por vírgulas sem a ajuda de travessões, dois pontos ou coisas do tipo é de uma genialidade inspiradora.
Não sou do tipo que se depara com uma poça d'água na história e corre para o livro de Bachelard tentando entender o que aqueles pingos de água acumulados podem significar. Poça pra mim é água parada e água parada acaba em dengue.
Esses dias fui assistir a uns curtas metragem do pessoal do curso de Rádio e TV da UFMA. Um dos vídeos, que chegou até a ser premiado em um festval local, retratava a chuva. Só. Era um vídeo sobre chuva que começava com alguns takes do céu nublado e depois várias cenas de chuva, asfalto molhado... 2 minutos disso.
Acabei perguntando, com toda a falta de sentimento de que sou acusado, algo como "É só isso? Chuva?" e ouvi uma resposta que não esperava: "Trata-se de apenas chuva para aqueles que não conseguem ver o que não é mostrado. Resta agora saber se você é um dos que se apegam apenas ao que veem, ou se consegue perceber o implícito".

Bom, sendo assim,
olá, meu nome é Arthur Santana, tenho 19 anos, e só consigo ver o que me é mostrado mesmo. Ah! E como tenho miopia, aquilo que me é mostrado, muitas das vezes, ainda fica meio embassado.