sábado, 4 de abril de 2009

opinião subjetiva. redundante?

Não é novidade para ninguém que a subjetividade característica do ser humano deve sempre ser respeitada. Tal característica, porém, é levada muito mais em consideração nas áreas abrangidas pelas Ciências Humanas e Sociais. Não que um aluno do curso de Matemática seja um robô sem desejos e opiniões, mas “1 + 1” vai ser sempre 2, independente da situação econômica, cultural, histórica ou política em que o mundo se encontre. Porém, o mesmo não acontece, por exemplo, com a forma que é encarada as opiniões de Foucault a respeito da educação. Por outro lado, até que ponto essa subjetividade deve ser (ou é) encarada como opinião que molda a personalidade de um indivíduo e não como falta de conhecimento? Adotemos um fato ocorrido comigo como exemplo: O ano de 2008 foi palco de uma série de eventos que celebravam o centenário de morte de um dos maiores expoentes da literatura nacional, Machado de Assis. Impulsionado pela ocasião, decidi aumentar meus conhecimento a respeito da literatura machadiana. Após maravilhar-me com as Memórias Póstumas de Brás Cubas, decidi ler Quincas Borba, para aí sim reler Dom Casmurro, agora com um pouco mais de conhecimento sobre ou autor. Ao contrário do que aconteceu com as Memórias Póstumas, não achei o início tão bom. Também não gostei do segundo quarto da obra e chegar até a segunda metade, onde eu esperava encontrar um clímax que mudasse minha opinião sobre ela, exigiu-me um sacrifício tão grande quanto assistir a um episódio completo de uma das atuais novelas globais. Não gostei da obra. Para ser sincero, me diverti mais lendo o livro do Roberto Justus – o esforço para conseguir confessar isso é inimaginável! Como pode e com que autoridade um aluno de terceiro período não gosta da obra de um dos maiores escritores de toda a história da literatura mundial? Uma obra que já foi aclamada por diversos críticos que estudaram, leram e conhecem muito mais sobre literatura do que eu sequer posso imaginar! Obviamente, trata-se de pura e simples falta de conhecimento que o impede de apreciar tal obra – alguns podem argumentar. Será? Será que toda pessoa que prefere ouvir um “pancadão” da Gaiola das Popozudas ao invés de uma das músicas de Chico Buarque (juro que esse não é o meu caso) é louco ou faz parte do grupo dos que não tem nada na cabeça? Será que todo grande empresário que coopera para a permanência do capitalismo como sistema sócio-econômico é responsável pela fome, miséria e desumanização da população mundial? Será que todo aluno de Letras é obrigado a gostar de todas as obras clássicas dos grandes nomes da Literatura, deixando algumas vezes de lado sua própria opinião apenas para não ser classificado como ignorante? Sinceramente, espero que não. Posso até estar inserido no mesmo grupo dos empresários desalmados, mas compartilhar da mesma nomenclatura que os fãs de um pancadão possuem seria desgosto demais para o meu pobre pai.